terça-feira, 24 de março de 2009

domingo, 22 de março de 2009

Balançar...


Pedes-me um tempo
pra balanço de vida
mas eu sou de letras
não me sei dividir
para mim um balanço
é mesmo balançar
balançar até dar balanço
e sair...
Pedes-me um sonho
pra fazer de chão
mas eu desses não tenho
só dos de voar
agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar
de quê?
de viver o perigo
de quê?
de rasgar o peito
com o quê?
de morrer
mas de que, paixão?
de quê?
se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e nao ter, nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...
Prendes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens
esqueces que às vezes
quando falha o chão
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos
Pedes-me um sonho
pra juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar
e agarras a minha mao
com a tua mao e prendes-me
e dizes-me para te salvar
de quê?
de viver o perigo
de quê?
de rasgar o peito
com o quê?
de morrer
mas de que, paixão?
de quê?
se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e nao ter, nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...
de quê?
de viver o perigo
de quê?
de rasgar o peito
com o quê?
de morrer
mas de que, paixão?
de quê?
se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e nao ter, nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...

(Mafalda Veiga)
Decidi deixar-vos uma música que adoro... Disfrutem...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Quebrar o gelo...


Para quebrar o gelo...aqui vai algo para rir e descontrair!


domingo, 15 de março de 2009

Life's but a walking shadow...


Tomorrow, and tomorrow, and tomorrow,

Creeps in this petty pace from day to day,

To the last syllable of recorded time;

And all our yesterdays have lighted fools

The way to dusty death. Out, out, brief candle!

Life's but a walking shadow, a poor player,

That struts and frets his hour upon the stage,

And then is heard no more.

It is a taleTold by an idiot, full of sound and fury,

Signifying nothing.


(William Shakespeare)
Macbeth Act 5, scene 5, 19–28

Chocolate, de Joanne Harris


Foi-me proposto escrever um texto descritivo sobre um livro ou filme que tenha gostado... e por que nao?!

Aqui vai...o meu texto sobre o meu livro/filme preferido...





O livro “Chocolate”, de Joanne Harris, é um livro delicioso e aromático, com uma sensibilidade extraordinária que nos leva a cheiros irresistíveis, que apuram o nosso olfacto e paladar, apresenta-nos personagens misteriosas dentro de uma comunidade conservadora, fechada e triste, é um livro que se situa entre uma igreja e uma chocolataria, entre uma comunidade manobrada por um padre e a dona da chocolataria, que tinha uma visão muito original do mundo.
Este livro relata a história de Vianne Rocher, uma mulher que viaja ao sabor do vento, sem raízes, com uma independência invejável, que foge dos seus próprios fantasmas, e que, a uma dada altura, sente um desejo de estabilidade. Vianne instala-se numa pequena aldeia, Lansquenet-sur-Tannes, com a sua filha, Anouk, com a esperança de abraçar aquela aldeia com um toque de felicidade através do seu dom de fazer chocolate.
Como qualquer comunidade conservadora e fechada, Vianne enfrenta a exclusão, consideram a sua chegada e o seu propósito uma afronta à igreja. Vianne decidiu inaugurar a chocolataria na quaresma, altura esta que é considerada de jejum e, por sua vez, o Padre vê este negócio como um desvio e uma tentação para a sua comunidade, pois para ele o chocolate, com todas as suas cores, aromas e sabores, era um apelo à sedução dos sentidos.
Devido à intransigência e à mentalidade fechada do Padre, a comunidade via Vianne como uma feiticeira, que, com a sua doçura e aparente solidão, o incomodava. Este tinha um espírito conservador, um enorme desejo de poder, e desejava aperfeiçoar a sua comunidade. Julgava que o mal estava no prazer, vivia obcecado em fazer jejuns, que o levavam a ter alucinações, mas mais tarde a sua obsessão foi a chocolataria.
Na chocolataria, Vianne concretizava os seus objectivos, fazia algo que gostava para sobreviver, trazia alguma felicidade e alegria àquela gente e seguia sua própria religião, que se baseava em ser feliz. Era ali que ela punha em prática terapias psicológicas que a levavam a conhecer as pessoas, a descobrir o porquê dos seus comportamentos e até os seus desejos mais íntimos, e tudo isto através do chocolate, e da alquimia que o chocolate possui.
O chocolate aqui transforma-se quase que num agente de transformação, pois Vianne vai ao encontro de personagens que inicialmente eram inacessíveis, fechadas, solitárias e imersas no seu sofrimento, como o caso de Roux e Josefine Muscat, e que depois se transformam totalmente. Estes tornaram-se clientes, ou até se poderão chamar “pacientes”, assíduos de Vianne, sofreram transformações naqueles breves momentos passados na chocolataria, em que trocaram palavras e sensações mágicas com Vianne, enquanto esta tentava encontrar “aquele” chocolate para cada um deles. Vianne tinha dois dons, o da química do chocolate e do poder da palavra, e foi através destes dons que Josefine ganhou uma nova vida, que inicialmente se revelou ser o oposto da de Vianne.
Como desfecho desta história apetitosa, o Padre viu-se obrigado a reconhecer que Vianne estava apenas a tentar viver a sua vida em detrimento da felicidade dos outros, utilizando os seus dons para fazer a mudança, e esta decidiu assentar raízes em Lansquenet-sur-Tannes, na esperança que o vento não a torna-se a chamar.
“Chocolate” revelou-se, assim, um livro saboroso que nos permite voar ao sabor da nossa imaginação, quando são descritas todas as confecções de chocolate, e que nos permite conhecer um ambiente ou sociedade diferente da nossa, mas que tem aspectos comuns, como a exclusão pela diferença. É um livro que nos mostra como pequenas coisas e pormenores da vida quotidiana podem mudar mentalidades e maneiras de estar.
Numa só palavra, é um livro irresistível.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Para a vida...


Aquelas palavras não me saíam da cabeça, “Já não há nada a fazer!”. Logo estas palavras que nos roubam toda a esperança…
Já estava contigo há uma vida, e tudo parecia tão calmo, tão sereno, éramos aqueles seres que nem precisavam de falar para saber o que ia no pensamento. Até aquele dia, aquele momento, que se tornou “o” momento das nossas vidas… nunca esquecerei aquela tua feição pálida e de desânimo, parecia que tudo desabava à tua volta, à minha volta. E agora apenas te tenho comigo em pensamento e no meu coração.
Lembras-te daquele dia em que jurámos que iríamos envelhecer juntos e correr o mundo?! E até fizemos uma tatuagem para marcar o nosso Amor… éramos tão diferentes, agora é que penso nisso. Nesse dia, acordaste com uma energia incontrolável, até limpaste a casa, e preparaste-me um pequeno-almoço maravilhoso, acordaste-me com aquela delicadeza única e ofereceste-me uma rosa. Eu fiquei sem palavras, tinhas esse poder em mim. E enquanto tomávamos o pequeno-almoço, tu olhavas para mim com um encanto tal que até me deixaste embaraçada, até implicaste comigo por eu estar corada:
- Estás linda assim corada, é sinal que te estou a tocar o coração! – disseste tu com o teu ar encantador.
E foi neste dia que prometemos ficar juntos para sempre, para o bem e para o mal, e assim foi. Agora, passados 40 anos, estou sozinha, apenas com as memórias do que vivemos juntos, de tudo aquilo que planeámos, que construímos, que sonhámos, porque estes sonhos eu ainda hei-de cumprir, por ti, meu Amor!
Tivemos que interromper os nossos projectos, por ti, pelo teu bem… Foi naquele momento, naquele hospital, que tudo desabou…
- Já não há nada a fazer! – Disse-nos o médico.
E sem reacção ficámos… foi demasiado duro, demasiado forte, demasiada frontalidade, demasiada dor, demasiado sentimento… foi, simplesmente, “demasiado” para uma pessoa cheia de vida.
Um simples exame de rotina levou a um número infinito de exames, análises, testes… até aquele “Já não há nada a fazer!”. Foi-te diagnosticado um cancro no pâncreas, e logo a ti, meu Amor. Já estava num estado tão avançado que nem tempo de vida te estimaram, nem havia tratamento possível… mas como isto pôde acontecer contigo, connosco?! Não sei. É tudo ainda muito vago na minha cabeça, na minha vida.
Aqueles dias de angústia, de sofrimento, de espera, não sabias se ias viver muito ou pouco, se ias sofrer, era tudo um grande vazio, os teus dias alegres e vivos tornaram-se em dias cinzentos, passivos e desesperantes… os teus e os meus dias. Recordas-te quando me pediste para seguir a minha vida, sem olhar para trás e te deixar?! Partiu-me o coração ouvir as tuas palavras…
- Vai viver a tua vida, não olhes para trás e segue em frente, não fiques presa a alguém que nem um futuro te pode dar… - disseste com um tom seco, como nunca havias feito.
Eu limitei-me a voltar costas e chorar, na minha solidão, para que não me visses sofrer, e não sofresses também. Foi a altura mais complicada da minha vida, e da tua também, foi uma altura que não nos amávamos, que conversávamos apenas o essencial, e não me deixavas aproximar e entrar na tua vida, fechaste-te como se eu tivesse alguma responsabilidade no que estava a acontecer, até me chegaste a tratar mal, mas eu estava do teu lado, para todo o sempre, o nosso Amor superava qualquer obstáculo.
Naquele dia em que partiste, o mundo caiu-me aos pés, estive do teu lado toda a noite, eu limpei-te a testa enquanto transpiravas de dor, eu sussurrei-te ao ouvido que te amava, eu “estive lá”. Mas dói, dói tanto perder alguém assim importante como tu eras, e ainda és, para mim, é uma dor que não se explica e apenas sente quem alguma vez amou e perdeu o amor da sua vida. É uma dor que estrangula o coração, que faz com que percamos a nossa alegria de viver, a nossa razão de viver… e eu perdi, eras e serás sempre a minha razão de viver, tu meu Amor!
Os meus dias têm sido tão diferentes, já não me abraças durante a noite, já não acordo contigo a meu lado, já não me preparas o pequeno-almoço, já não me fazes surpresas… dou por mim a entrar em casa e a imaginar que surpresa me terás feito, depois dou conta que já cá não estás. Dou por mim a fazer aquela comida que tanto gostavas, a pôr o teu perfume, a abraçar a tua almofada, a arrumar a tua roupa, só para que nunca te apagues da minha memória, para que cumpra o nosso juramento, de estarmos juntos para sempre.
Deixei tanta coisa por te dizer, tanta… queria ter tido a oportunidade de te ter dito mais uma vez que te amava, que eras a pessoa mais especial da minha vida, que não podia viver sem ti, que por ti faria tudo, que a minha vida sem ti a meu lado não tinha qualquer sentido, gostava de te ter contado que quando me sussurravas declarações de amor durante a noite eu ouvi todas, sim todas… gostava de ter tido tempo para te ter feito uma serenata à chuva, de ter gritado no meio de uma multidão que te amava, de te ter dito que ao teu lado era feliz… e tencionava fazer-te uma surpresa, disseste-me tantas vezes que gostavas de ir a Paris um dia, à “cidade do Amor”, e eu já tinha as passagens.
Agora o que faço eu com as passagens, se só ia a Paris por ti e contigo? Era a “nossa” cidade, a cidade do Amor, o Amor em forma de cidade, como nós o éramos com a forma humana. Não sei que faça sem ti, meu Amor! Continuas tão presente, nas cores, nos sabores, nos cheiros, em todo o lado… no meu coração e no meu pensamento… em cada canto desta casa…
A falta que tu me fazes, meu Amor!
(este foi o texto que me valeu um 19)